Não é uma regra. Mas no rock n’ roll existem certos padrões, como por exemplo, gostar de Beatles é quase uma unanimidade entre os rockers, assim como Rolling Stones ou Led Zeppelin. Mas mesmo esses dinossauros ainda possuem uma ou outra rejeição, como no caso do Led que é acusado continuamente de plágio; os Beatles por terem sido o Restart de sua época; e o Rolling Stones por ser superestimado. Quem conhece um pouco a fundo a história do rock, sabe que todos esses argumentos não passam de baboseira sem fundamento, tampouco abalam a carreira fantástica dessas bandas.
Outro dinossauro do rock que muitas vezes é posto num patamar inferior aos citados é a banda australiana AC/DC, que mesmo sendo de fora do eixo Inglaterra / Estados Unidos, conseguiu desde seus primeiros anos mostrar que tinha muita qualidade, sempre liderada pelos irmãos guitarristas Malcolm e Angus Young.
Desde a entrada do carismático vocalista Bon Scott para a banda na primeira metade dos anos 70, eles obtiveram sucessos em sua terra natal, com discos que hoje em dia são tidos como clássicos como “High Voltage”, “TNT”, “Let There Be Rock” e “Powerage”. Mas o sucesso mundial absoluto que os colocaria no topo das paradas viria com “Highway To Hell”, de 1979, que possui canções que a banda executa até hoje, como a faixa título, “Girls Got Rythm” e “Shot Down In Flames”.
Um ano depois, o sucesso e a carreira da banda foram postos à prova de forma drástica, com a morte do vocalista Bon Scott, engasgado em seu próprio vômito após uma bebedeira. Nessa época ninguém sabia o que esperar da banda e ao que parecia o fim do grupo era irremediável, pois substituir um ótimo vocalista como Bon, um cara que era a imagem da banda ao lado de Angus não seria nada fácil.
Ledo engano. Cinco meses após a morte do vocalista (!), a banda anunciaria seu substituo, o inglês Brian Johnson, que com seus vocais roucos e presença de palco cativante conseguiu de forma inimaginável sobrepor a imagem de Bon com os fãs da banda rapidamente. Grande parte desse mérito se deve ao lançamento dois meses após sua entrada do best seller da banda, o clássico absoluto e álbum mais vendido da história do rock, “Back In Black”, que continha um rock cru como de costume, mas com uma produção azeitada, guitarras precisas e excelentes dos irmãos Young e cozinha extremamente competente formada pelo baixista Cliff Wiliams e pelo batera Phill Rudd.
Dali a banda voaria alto sem turbulências na história do rock, sempre com turnês gigantescas e apresentações antológicas, lotando todos estádios e festivais que passaram. É óbvio que lançaram discos não tão inspirados no decorrer das décadas, porém cada bolacha possui um ou dois petardos que muita banda sonharia em gravar.
Quando se fala em AC/DC, há uma acusação constante de que a banda se repete, que cria as mesmas melodias desde seu princípio, que não possui criatividade artística. Tão besteira quanto às acusações a outras bandas do começo do texto. A banda tem sim um estilo próprio, que sempre foi o de fazer rock direto ao ponto, com ótimos riffs do sensacional figura Angus Young, com a segurança de seu irmão, o subestimado Malcolm. Porém isso não quer dizer que a banda se repita, pelo contrário. No meu ponto de vista eles foram sim fiéis ao seu estilo, ao que acreditam desde quando muito novos, no rock como forma de diversão, de extravasar seus sentimentos, como fonte de energia. Tanto que o interesse dos jovens pela banda segue existindo ao redor do mundo, pois eles transmitem essa vitalidade tão característica na adolescência.
São 40 anos do mais puro rock n’ roll, sempre em altíssimo nível, dando ao AC/DC crédito para adentra ao olimpo do rock, não deixando nada a desejar a nenhum dos outros monstros.
Caso um alienígena pousasse na Terra e perguntasse do que se trata esse tal de rock n’ roll, responderia de primeira entregando em suas mãos o “Back In Black”, pois ali está a tradução extrema do que se trata esse ritmo que tanto nos fascina.
Fonte: Ideologia do Rock - Por: David Oaski
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